quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Nota:

Nao sinto nada
por ser precisamente nada aquilo que sinto,

embora sinta que nao sinto, mesmo por nada sentir.

Mas sei que, se sentisse alguma coisa, sentiria tudo.

... ou talvez nada.

Alojamento Comum

Deitei-me no chao
frio e incomodo e duro e melancolico.

Nenhum musculo do meu corpo se mexe.
Nao sinto ar entrar nem sair pelas minhas narinas
Nao sinto o frio a bater-me na cara,
ou talvez sinta sem sentir.
Sentirei eu algo mais do que aquilo que nao sinto?
Ou nao sentirei o que nao sinto por nada sentir?

Subo as palpebras e vejo a noite
tao escura e solitaria,
tao inofensiva...

Estou apática.

"Isto está hostil", dizia o outro.
Terrível, diria eu!

Ou talvez nem esteja, por nem eu estar coisa nenhuma.

Neste momento:
Que chova, que neve, que pare o Mundo.
Que caia o céu,

que eu continuo no chao congelando e nao sentindo nada.

[Tudo.]

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Nao sei.

"Parem o Mundo, que eu quero sair."

sábado, 19 de setembro de 2009

"Gossip Girl"


Ao que parece nao é preciso viver em Uper East Side numa série televisiva para ter uma "Gossip Girl" a controlar tudo o que fazemos, dizemos ou, pelo menos, PENSA que aconteceu. O pior é que, seja verdade ou não, se aos olhos dela aconteceu, então ninguém vai negá-lo. As pessoas conhecem-se, e as pessoas falam. Falam de mais. Do que não existe nem existiu, principalmente. E quem conta um conto acrescenta um ponto. Fixe mesmo é quando as chamadas vítimas da menina GG, pessoas que não querem saber da vida dos outros e já têm problemas suficientes com que se preocupar, acarretam as consequências do spread dum boato. Ya, boato. Quando é verdade e positivo, não se fala nisso. Para quê perder tempo a dar boas notícias se se pode sempre dar uma má e armar confusão? É muito melhor ver cenas infelizes e pessoas a sofrer com mentiras. E para além disso, poupa-se dinheiro em bilhetes de cinema, o que é porreiro porque não estão muito baratos. Enfim, já se sabe, é sempre o mesmo. Só me pergunto "porquê?"... Porque é que o ser humano tem de ser assim? O que ganha ele com o sofrimento e dor dos outros? Quanto melhor conheço estas facetas do Homem, mais desejo não o ter conhecido. Bocas ambulantes. Ai senhores... Valha-vos Deus! (Fui cortar os pulsos).

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Bem-vindo ao turno da noite


De novo consciente (mas pouco).
Uma agulha afiada perfura os meus ouvidos num tom ensurdecedor.
Nao ha melodia, nao ha nada. Apenas um grito morto e estridente.. sem significado.
As luzes incandescentes e gélidas do meu quarto, que havia deixado acesas, rasgam-me as pálpebras e forçam-me a enterrar o sono no qual havia caído há umas horas (dias, anos...).
Arrasto pesadamente o olhar pela paralisia do meu mundo, inspirando bruscamente um ar grosseiro e frio que congela o vazio do meu peito, tornando a minha ausência de mim eterna. Nao há movimento. Os ponteiros do meu pequeno relógio não contavam mais o meu tempo. Espreito pela janela: não há mais vida neste lugar. O Mundo havia parado. Os carros, as pessoas... E, nem sombra de vento ou chuva. Existo apenas eu, acordada e consciente (embora pouco). Coberta apenas com uma manta de lã, saio pela porta principal e admiro o cenário. Consigo passar por entre as pessoas e compreender cada detalhe das suas faces. Podia passear eternamente pelos seus olhares e nunca ser vista. Mas seria sempre o mesmo. Olhares magoados e cinzentos. Cansados e infelizes. E ninguém sorri. Bocas entreabertas o suficiente para soltar um suspiro de socorro (em vão...). Chega. Volto para dentro e mergulho nos meus lençóis de novo. Fecho os olhos para nunca mais abrir. Aterro na escuridão utópica do meu ser e: fim. Estalo os dedos: que o mundo recomece. Eu paro por aqui.